Brasil afunda porta-aviões enferrujado no Atlântico
LarLar > Notícias > Brasil afunda porta-aviões enferrujado no Atlântico

Brasil afunda porta-aviões enferrujado no Atlântico

Jun 02, 2023

EURACTIV.com com Reuters

06-02-2023

O porta-aviões São Paulo foi afundado em águas jurisdicionais brasileiras a 350 quilômetros (217 milhas) da costa, onde o mar tem 5.000 metros de profundidade. Anteriormente, o porta-aviões da classe Clemenceau serviu a Marinha Francesa por quatro décadas como o Foch, capaz de transportar 40 aviões de guerra. [Twitter]

Imprimir E-mail Facebook Twitter LinkedIn WhatsApp Telegram

O Brasil afundou um porta-aviões desativado no Oceano Atlântico ao largo de sua costa nordeste, disse a Marinha do Brasil, apesar das advertências de ambientalistas de que o enferrujado navio francês dos anos 1960 poluiria o mar e a cadeia alimentar marinha.

O cargueiro de 32.000 toneladas estava flutuando no mar há três meses desde que a Turquia recusou sua entrada para ser sucateado lá porque era um risco ambiental e o navio foi rebocado de volta ao Brasil.

O porta-aviões foi afundado em um "naufrágio planejado e controlado" na noite de sexta-feira (3 de fevereiro), informou a Marinha em comunicado, que "evitaria perdas logísticas, operacionais, ambientais e econômicas para o Estado brasileiro".

O casco do São Paulo foi afundado em águas jurisdicionais brasileiras a 350 quilômetros (217 milhas) da costa, onde o mar tem 5.000 metros de profundidade, local escolhido para mitigar o impacto na pesca e nos ecossistemas, informou a Marinha.

Os promotores públicos federais e o Greenpeace pediram ao governo brasileiro para interromper o naufrágio, dizendo que era "tóxico" devido a materiais perigosos, incluindo 9 toneladas de amianto usadas em painéis.

"O naufrágio do porta-aviões São Paulo joga toneladas de amianto, mercúrio, chumbo e outras substâncias altamente tóxicas no fundo do mar", afirmou o Greenpeace em comunicado. Acusou a Marinha do Brasil de negligenciar a proteção dos oceanos.

O porta-aviões da classe Clemenceau serviu a Marinha Francesa por quatro décadas como o Foch, capaz de transportar 40 aviões de guerra.

O especialista em defesa e ex-funcionário de política externa do Congresso, Pepe Rezende, disse que o porta-aviões foi comprado pela Marinha do Brasil por apenas US$ 12 milhões em 1998, mas precisava de uma reforma de US$ 80 milhões que nunca foi feita.

Depois que o porta-aviões foi desativado, a empresa turca de reciclagem marítima Sök Denizcilik Tic Sti comprou o casco por US$ 10,5 milhões, mas teve que rebocá-lo de volta através do Atlântico quando a Turquia barrou a entrada em seu estaleiro.

A Marinha do Brasil disse que pediu à empresa para consertar o porta-aviões em um estaleiro brasileiro, mas depois que uma inspeção mostrou que ele estava entrando na água e corria o risco de afundar, a Marinha proibiu o navio de entrar em portos brasileiros. Resolveu então afundar o São Paulo em alto mar.

O representante legal da empresa no Brasil, Zilan Costa e Silva, disse que o descarte do transportador é de responsabilidade do estado brasileiro de acordo com a Convenção da Basiléia de 1989 sobre movimentação transfronteiriça de resíduos perigosos.

O Greenpeace disse que o naufrágio violou a Convenção de Basel, a Convenção de Londres sobre a prevenção da poluição marinha e a Convenção de Estocolmo sobre poluentes orgânicos persistentes.

“A Marinha do Brasil escolheu prejudicar o meio ambiente e perder milhões de dólares em vez de permitir a inspeção pública do navio”, disse o Greenpeace, chamando o naufrágio de “a maior violação de acordos de produtos químicos e resíduos já cometido por um país”.

Imprimir E-mail Facebook Twitter LinkedIn WhatsApp Telegram